domingo, 6 de outubro de 2013

Independência Financeira e envelhecimento da população: problemas à vista?

Desde o mês passado rolou uma enquete no blog, onde foi perguntado a idade que os visitantes pretendiam alcançar a sua independência financeira. Com base nela, pôde-se constatar que mais da metade (54%) daqueles que a responderam pretendem alcançá-la entre os 40-50 anos.

Em outras palavras... A maioria das pessoas que se interessam com suas finanças deseja alcançar a IF no auge da sua produtividade. E o pensamento é bastante lógico: de que adianta ter dinheiro para fazer o que quiser se o corpo com 60, 70 anos já não vai acompanhar tudo que desejamos fazer?

Ocorre que os tempos são outros. Apesar de pensarmos em parar de trabalhar bovinamente na mesma idade que desejavam nossos pais e avós, a expectativa de vida do mundo aumentou muito, como consequência de inúmeros fatores, a saber:

- melhora da quantidade e da qualidade dos alimentos, da água e de nossos hábitos alimentares, bem como da melhora nos nossos cuidados com a higiene;

- descoberta de novos medicamentos e tratamentos para doenças, sejam elas comuns, crônicas ou terminais, bem como a disseminação de exames periódicos, como forma de se detectar eventuais problemas ainda em estágio inicial;

- normatização e cumprimento de rígidos códigos de conduta, prevenção e de segurança nas mais diversas áreas, estes decorrentes do aprendizado que já tivemos em decorrência de acidentes e de desastres naturais.

Por outro lado, um aumento da expectativa de vida gera mudanças nas perspectivas de toda uma sociedade. Teremos de trabalhar mais anos para suprir a falta de mão de obra qualificada; restrições com relação à idade dos candidatos a uma vaga de trabalho serão exceção; e, mais importante, teremos de rever a forma com que são concedidos os benefícios previdenciários em nosso país, sob pena do sistema implodir sob seu próprio gigantismo.

Tudo isso para, pelo menos, manter o país funcionando e crescendo. É o que estamos começando a ver nos Estados Unidos, Europa e Japão, cuja população já não preenche cargos essenciais e existe grande resistência em importar mão de obra para supri-la.

Mas esses fatos podem prejudicar o nosso planejamento rumo à IF? Se a sua intenção for parar de trabalhar, sim. Porque valerá mais a pena continuar no mercado de trabalho.

Raciocine comigo... Apesar de termos de trabalhar durante mais tempo neste novo cenário, não significa que teremos de trabalhar 44h semanais. As empresas terão de pagar mais por menos tempo trabalhado, sob pena de não terem meios para continuar crescendo.

Pelo mesmo raciocínio, estas mesmas empresas terão de investir muito em produtividade para permanecerem competitivas, o que acelerará e barateará ainda mais a sua toyotização. E isto, claro, aumentará a nossa responsabilidade na mesma medida que facilitará o exercício das nossas funções.

Trata-se de ciclo virtuoso se bem administrado e legislado, pois agrega qualidade de vida a crescimento econômico. É o que já vemos em muitos países desenvolvidos.

Perceba que se a sua vontade for reduzir a carga de trabalho, ou então diminuir o período de acumulação, oportunidades não faltarão. Tudo que se pede é que continue estudando, se atualizando.

Agora, se você conta com o benefício do INSS nos seus cálculos para parar de trabalhar, só lamento. Trata-se de pirâmide financeira, onde nós (Tesouro Nacional) sustentamos inclusive pessoas que não contribuíram, pagando benefícios que são reajustados de tal forma que, num prazo muito curto, terão de ser totalmente revistos. Quando não cortados.

Vou ser bastante sincero com vocês: ou muda a previdência, ou ficaremos todos na mão.

Mas... e você? Concorda com uma mudança de cenário? Imagina um cenário mais dramático? Ou acredita que teremos mais do mesmo nos próximos 20-30 anos? Dê a sua opinião!

2 comentários:

  1. Eu não acredito em INSS e não conto com isso para minha aposentadoria. A única previdência que acredito é a privada e mesmo assim com restrições.
    Abraços,
    Ecoinc

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Pois é...

      A minha maior preocupação com relação ao INSS é esta: eu tenho boas chances de não depender dele quando tiver meus 60 anos, pois tenho disciplina e tempo a meu favor. Só que meus pais, mesmo que disciplinados financeiramente, podem não ter tempo suficiente para deixarem de depender dele.

      E ai complica para todos, pois duvido muito que este problema só vá ocorrer na minha casa.

      Abraço!

      Excluir