Desde que estabeleci objetivos para o meu dinheiro, janeiro e julho deixaram de ser meros meses de balanço; eles passaram a ser mais importantes do que isto.
O fechamento do semestre passou a ser um ponto de chegada/partida importante para a análise do planejamento estabelecido. E a pergunta que sempre me faço nestas horas é "como estou me saindo?"
Como já dei mostras nos textos aqui no blog e nos comentários em outros sítios, o meu objetivo para a carteira é de longo prazo. Coisa de 20, 30 anos. Então... por que diabos preciso analisar o que faço hoje, mesmo que seja só 2 vezes por ano, se só terei de me preocupar com isto daqui muitos e muitos anos? Não seria uma tremenda perda de tempo?
Para mim, esta é a melhor definição de planejamento: é(são) o(s) meio(s) necessário(s) para o futuro desejado. Em outras palavras, não basta saber onde e quando eu quero chegar, é necessário também saber o quê e como devo fazer para chegar ao meu objetivo.
Assim, se o caminho escolhido estiver errado, não terei esta notícia desagradável daqui 20, 30 anos, onde poderá ser muito tarde para qualquer mudança de rumo, por menor que ela seja. Ganha-se tempo e, principalmente, dinheiro quando temos condição de analisar, com base no que já conquistamos, o que exatamente nos falta fazer para encurtar o caminho ainda a ser trilhado.
Infelizmente, ainda são poucas as pessoas que planejam suas finanças. A maioria só procura se informar acerca de educação financeira quando já não sabe mais o que fazer para equilibrar as suas contas. E isso é, no máximo, planejamento tático, de curto prazo... porque só se está tentando botar ordem no orçamento doméstico.
Para ser planejamento mesmo, você deve juntar à fase de controle as de previsão, projeção e predição (planejamento estratégico) e também as fases de resolução de problemas e formulação de planos (planejamento operacional).
Vou dar um exemplo:
Com os dados de 6 meses ou 1 ano você já consegue utilizar praticamente todos os conceitos elencados acima: os dados em si são o controle; com base neles, você prevê uma tendência de ganhos e de gastos, projeta o que deve mudar e prediz os meios necessários, tanto para alcançar esta empreitada da melhor forma possível quanto para estabelecer os prováveis percalços a serem superados. Com esse estudo pronto, adquire-se uma maior confiança para pôr em prática as soluções necessárias, concretizadas dentro de ações e atitudes a serem adotadas para aquele determinado período.
O interessante aqui é não deixar os dados acumularem demais. Se acredita serem 6 meses um período muito longo para esta análise, principalmente nos momentos de crise, faça-a num tempo menor. A flexibilidade do método deve servir como um porto seguro para o investidor, que o utiliza, entre outros motivos, para reduzir ao máximo o campo emocional das suas decisões (não acredito que seja possível eliminá-lo de vez).
Também é importante não confundir este planejamento de longo prazo com o controle que deve ser feito com os ativos da carteira. Este deve ser constante, até pelo dinamismo do mercado.
E tem mais: uma coisa é ser adepto de buy and hold; outra bem diferente - e maluca - é optar por um perigoso buy and forget...
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Depois de explicado o método, passo a tratar do meu planejamento. Ele passa pelas 3 variáveis que seguem:
Ganhos/Gastos (comparação com o 1° semestre de 2012)
▲% dos Ganhos: +24,26%
▲% dos Gastos: + 31,25%
Proporção dos Gastos com relação aos Ganhos :
(1º sem) (anual)
2013 48,49% 34,27%*
2012 45,91% 27,45%
2011 67,71% 40,11%
2010 66,53% 44,55%
2009 80,14% 51,25%
*projeção
Apesar da aceleração ocorrida nos Gastos, que cresceram quase 2x mais que os Ganhos, em valores absolutos eles voltaram a patamares muito semelhantes aos do 1º semestre de 2011.
Já os Ganhos continuaram crescendo, o que gerou uma melhora de quase 25% com relação ao superávit gerado naquele mesmo período de 2011.
Para o segundo semestre, onde a renda auferida costuma ser maior e as despesas, menores, espero manter os Gastos abaixo dos 40%. Diante do fato que quase todas as despesas fixas já foram devidamente pagas/provisionadas neste semestre, é um plano fácil de ser cumprido.
Como 2012 foi um ano de frugalidade extrema, que não pretendo repetir, deixo como meta a metade do caminho, para ter alguma margem no final do ano.
Aportes - proporção dos Aportes com relação aos Ganhos (1º semestre):
(1º sem) (anual)
2013 34,04% 53,71%*
2012 42,67% 56,12%
2011 16,89% 48,36%
2010 26,80% 46,93%
2009 14,36% 45,18%
*projeção
Aqui também se percebe um avanço, ainda que tímido. Penso estar trabalhando perto do limite dos Ganhos da minha fonte de renda atual, e maiores cortes nos gastos não acontecerão sem perda da qualidade de vida - atitude que nos próximos 6 meses seguirá descartada.
Por isso meu plano de seguir estudando continua de pé, com o objetivo de aumentar a minha renda já em 2014. Posso adiantar que as perspectivas são boas, principalmente para o 2° semestre do ano que vem.
Renda Passiva (Yield) da Carteira:
2013 4,52%*
2012 9,17%
2011 7,52%
2010 5,00%
2009 8,89%
* 1º semestre, somente. Para o ano já estão garantidos proventos da ordem de 7,13%.
Meta: 10%.
Percentualmente o alcançado em 2013 ainda deixa a desejar quando comparado com 3 dos 4 anos listados. Mas já é o ano com o maior valor absoluto de Renda Passiva: seu valor garantido é quase maior que os rendimentos recebidos no período de 2009 a 2011. Isto que ainda não realizei nenhuma venda este ano - algo inédito na minha carteira.
O plano para alcançar a meta de 10% está na manutenção da estratégia atual, qual seja: continuar comprando FIIs com o aporte mensal e usar o aporte residual para comprar mais BBAS3 e CRUZ3.
Estou estudando também a possibilidade de vender parte de WEGE3 para investir em ETER3, PSSA3, AMBV3 ou CIEL3, mas ainda não tenho nada decidido.
No somatório dessas 4 variáveis, eu tenho uma projeção de crescimento da carteira para algo em torno de 30% em 2013. Este número infelizmente está em risco, caso a rentabilidade negativa do primeiro semestre se repita.
De qualquer forma, entendo que a rentabilidade dos ativos é secundária quando se trata de uma carteira de longo prazo, principalmente quando os fundamentos dos ativos não se encontram em situação tão delicada a ponto de uma mudança radical na estratégia - ao menos para os próximos 6 meses.
Para finalizar, além dos questionamentos que a estratégia possa ter, gostaria de saber se mais alguém costuma fazer um planejamento parecido, e com que frequência. Seria muito bom poder conhecer outras experiências, pois sempre ajudam a aprimorar o método que cada um adota. Abraço a todos!
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