segunda-feira, 13 de maio de 2013

Produtos e serviços bancários que facilitam a vida da pessoa física

Continuando o post anterior, tratarei agora dos produtos e serviços bancários que podem ser utilizados pela pessoa física tanto no controle das suas despesas quanto no pagamento das suas dívidas.

Como vocês irão perceber, muitas opções aqui sugeridas  não estão diretamente relacionadas ao objetivo inicial do produto elencado, mas decorrentes do seu uso no cotidiano das pessoas. Saber que é possível fazer desta forma pode ajudar no controle financeiro de cada um, principalmente quando tratamos de pessoas com desequilíbrios financeiros.

Como forma de facilitar a compreensão e tornar o post mais objetivo, resolvi explicar em tópicos. Caso alguém fique com alguma dúvida, é só me questionar nos comentários.

Cartão de crédito

O famoso dinheiro de plástico é uma ferramenta de negócio sensacional: traz segurança para quem vende ao mesmo tempo em que assegura o crédito do comprador.

Mas esta é apenas uma das várias vantagens presentes no cartão de crédito. Vou citar algumas:

- acumulação de pontos, ou milhas, que podem ser trocadas nos mais diferentes planos de fidelidade. É você gastando melhor a mesma quantidade de dinheiro;

- desnecessidade de uma conta bancária para se ter um cartão de crédito. Cartão de crédito é como carro 0Km, mesmo que você não queira sempre tem alguém tentando te empurrar um;

- planos que isentem ou diminuam a anuidade do cartão. Em muitos casos, basta uma ou duas compras mensais para se ter a isenção/abatimento.

Para quem pretende fazer planejamento das suas despesas, existe também a vantagem da data pré-definida para pagamento da fatura, porque torna o pagamento à vista num pagamento a prazo, sem custo adicional algum. Melhor:  como o banco emissor do cartão precisa estabelecer uma data para o fechamento da fatura - geralmente 5 dias antes da data de pagamento, basta que se compre dentro destes dias para que a compra à vista só seja paga no mês seguinte.

Já para quem está em dificuldade financeira, o cartão de crédito pode ser utilizado também como facilitador de repactuação do valor devido no comércio. Basta negociar o valor a ser pago e, utilizando o limite existente no cartão, parcelar essa dívida em X vezes.

Uma vantagem importante desta forma de pagamento de dívidas reside na facilidade de se obter comprovantes do pagamento: basta checar na fatura quantas parcelas foram pagas e quantas ainda faltam pagar. Importante salientar a necessidade de se firmar por escrito com o credor os termos deste pagamento, como forma de se comprovar a quitação do referido débito.

Não custa lembrar que pagamento parcelado no cartão é diferente de pagamento parcial da fatura. Quando você usa o limite do cartão para efetuar uma compra parcelada não incidem juros por parte do banco que concedeu este limite. Já o pagamento parcial da fatura nada mais é que o reflexo de um planejamento malfeito nas despesas pessoais.

Cartão de Débito

O cartão de débito tem 2 funções: substituir o dinheiro vivo, quando da compra à vista, e substituir o cheque pré-datado, quando da compra a prazo.

Como o cartão de crédito, ele também possui limite próprio, mas só para as compras a prazo. A diferença fundamental de ambos é que o cartão de débito não existe sem uma conta-corrente, a qual é atrelado. Também não tem data definida para o pagamento - ela é previamente definida entre você e o comerciante.

A sua vantagem é o custo: não possui anuidade. Mas existe uma ressalva: muitos bancos cobram taxas para o caso de não haver dinheiro em conta no dia do débito.

Por ser mais flexível, vejo este produto com ressalvas. Mas ele também pode ser utilizado para uma renegociação, nos termos da feita com o cartão de crédito explicada no tópico anterior.


Cartão alimentação

Ao contrário dos exemplos de cartões acima, o cartão alimentação mais se parece com o crédito de celular: precisa primeiro carregar ele com créditos para depois gastar. O problema é que este benefício acabou amarrando o trabalhador a menos estabelecimentos conveniados e também impediu a flexibilidade do seu uso.

Mas nada deixa de ser distorcido pelo nosso famoso jeitinho brasileiro.

No momento em que este benefício migrou do tíquete de papel para o plástico ele deixou de ser apenas um benefício para passar a ser uma bandeira de cartão, podendo ser utilizado na mesma máquina do cartão de crédito/débito. Logo, qualquer estabelecimento pode cadastrar-se como conveniado - basta que se adicione ao seu Objeto Social a venda de alimentos.

Desta forma, pôde-se comprar praticamente tudo com ele: de comida a combustível; de eletro-eletrônicos a roupas; de remédios a pneus... É só pesquisar no site do seu cartão alimentação. Lá existe uma relação dos estabelecimentos conveniados - e você pode filtrar a pesquisa por cidade.

Também é possível negociar a compra do produto com a introdução de um terceiro. Há casos onde o comerciante aceita receber um crédito em seu nome num estabelecimento que aceite o cartão alimentação. Conheço muitas pessoas que compram, móveis, material de construção e até o aluguel com um crédito no nome do credor. Passam o cartão em determinada loja e a mesma emite um vale (nota promissória) para consumo no estabelecimento.

Em casos de extrema necessidade, é possível até a venda do crédito à loja conveniada, geralmente com cobrança de juros (desconto), eis que o conveniado possui despesas pelo uso da máquina e também pela operação.


DDA - Débito Direto Autorizado

Para quem ainda não conhece, trata-se do serviço que possibilita a apresentação eletrônica dos boletos de cobrança, substituindo a apresentação em papel de planos de saúde, mensalidades escolares, condomínios, entre outros.

O cliente cadastrado no DDA passa a ser um 'Sacado Eletrônico' e todos os boletos de cobrança registrada (de qualquer instituição financeira) emitidos em seu nome são visualizados e podem ser pagos de forma eletrônica no Home e Office Banking, Autoatendimento e, em algumas instituições, por Telefone e Mobile.

Também é possível ao Sacado Eletrônico a consulta e o pagamento de títulos de terceiros que, normalmente, são de sua responsabilidade (ex.: mensalidades escolares emitidas em nome dos seus filhos, ou cônjuge). Basta que, neste caso, cadastre o sacado do título como seu 'Agregado'. Todos os títulos, emitidos contra os seus 'Agregados', poderão ser visualizados e pagos junto com os seus próprios títulos.

Vale lembrar que é um serviço gratuito e que pode ser solicitado até por quem possui apenas uma conta-corrente virtual.

Para os demais pagamentos, como luz, água, telefone fixo ou celular, existem também os sites das empresas, onde se consegue extrair a segunda via do pagamento.

Trocando em miúdos, só recebe conta atrasada quem quiser ter motivos para se queixar dos Correios.


Home Banking e Office Banking

Aqui você ganha tempo e dinheiro, porque são poucas as coisas que não podem ser feitas online. Basicamente, saque e emissão de folhas de cheque.

Como se trata de auto-atendimento, grande parte dos seus serviços são gratuitos. Citarei alguns exemplos: extratos dos últimos 2 anos; fatura do cartão de crédito; pagamento e agendamento de pagamento; transferência entre contas do mesmo titular, mesmo em se tratando de bancos diferentes; consulta de recibos de pagamento e também dos débitos em conta. E muitos outros.

Aliado ao uso dos cartões e ao DDA, hoje ficou muito mais fácil de se evitar as filas de banco e dos ATM's.

Consórcio

Aqui não pretendo me ater ao objetivo primordial do consórcio, que é a aquisição de um bem.

Para quem não sabe, é possível utilizar o valor aplicado no consórcio como uma poupança. Você é sorteado, mas não retira a carta de crédito. O seu valor é rentabilizado de acordo com o prospecto do grupo, e o dinheiro é devolvido após o seu fechamento contábil.

Para quem vale a pena? Para pessoas que já tentaram de tudo, mas não conseguem guardar dinheiro, todo mês, numa conta poupança. Ou que não conseguem deixar este dinheiro lá, parado, por muito tempo.

Caso você for num banco procurar por um produto que faça isto, eles te recomendarão uma capitalização, só que esta não compensa por ter um tempo maior de duração e uma rentabilidade menor.

Empréstimos

A meu ver, ninguém deveria fazer um empréstimo. É mais último caso do que comprar consórcio ou capitalização como forma de se fazer uma poupança forçada. Mas existem casos em que é a última - ou a única - alternativa.

Vou deixar claro aqui que me refiro ao empréstimo feito com o objetivo de quitar dívidas, pois ele não agrega valor algum ao nosso patrimônio. Fosse uma operação de fomento, ou então para aquisição de um bem imóvel, ai seria outra história.

Aqui vão algumas dicas:

- Antes de fazer qualquer tipo de empréstimo, primeiro se informe das opções disponíveis. Pesquise mesmo! Cada banco tem sua tabela de juros e, acredite, elas variam muito e sempre é possível negociar uma taxa menor. Sempre!

Por exemplo: você sabia que a CAIXA só é competitiva no crédito imobiliário quando você financia via Minha Casa Minha Vida? Nas demais, seja compra de material ou então aquisição de bem imóvel, ela perde para todas as instituições públicas e para quase todas as instituições privadas.

- Tiver de escolher um tipo de operação, prefira as de pagamento único, como antecipação de IR e de 13º, porque são pagamentos extraordinários ao nosso orçamento, não tendo um peso tão forte quanto uma consignação, que tunga a renda todo santo mês.

- Caso opte fazer um empréstimo, principalmente consignado, prefira um prazo mais longo para pagamento, mesmo que com isso tenha a incidência de um juro maior. Uma parcela menor faz com que você não comprometa ainda mais suas finanças e facilite na antecipação das parcelas restantes - o que acaba por reduzir os juros efetivamente pagos da operação.

E, por favor, NUNCA faça um empréstimo diretamente com uma financeira - nem consignado! Os juros são muito, mas muito maiores do que em qualquer banquinho de esquina. Não precisa nem fazer conta, muito menos pesquisar. É sempre mais caro.



No próximo post acerca deste tema tratarei dos produtos existentes que facilitam o trabalho da pessoa jurídica, tanto na segurança das transações realizadas quanto nas formas de aumentar o capital de giro sem onerar demais o faturamento da empresa.

Até lá, estejam livres para comentar, questionar e criticar os tópicos aqui expostos. Boa semana a todos!



2 comentários:

  1. Olá LdL!

    Muito interessante algumas informações contidas no post. Alguns comentários:

    - Com relação a empréstimos, acho válido, desde seja para pagar dívidas com juros altos (cartão de crédito e cheque especial), lógico, com você determinado a não sair mais do controle nessas dívidas com juros altos.

    - Não sabia que a CEF perdia para outros bancos no financiamento imobiliário (exceto MCMV), para ter certeza, fui ao meu banco (BB Estilo) e fui atendido por um consultor desta área e ele me passou informações das quais não sabia e realmente, o BB está em melhores condições ou pelo menos, pau a pau com a CEF no financiamento imobiliário.

    - Pelo menos no BB a antecipação de IR e 13º, os juros são absurdamente alto para os padrões atuais, mas também vejo como uma boa alternativa, mas somente em ÚLTIMO caso, último MESMO.

    Grande abraço!

    SdP
    http://saindodapinda.blogspot.com.br/

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    1. Bem-vindo, SdP!

      Muito bons os seus apontamentos. Sinal de que o post acertou no enfoque.

      Não sou contra fazer um empréstimo em si. Reitero que se trata da última alternativa para alguém endividado, seja por causa dos juros, seja por causa do comprometimento da renda. Por isso é muito importante contrair uma dívida - qualquer dívida - já vislumbrando uma forma de quitá-la.

      Com relação à preferência que dou pelas antecipações de valores em detrimento ao crédito consignado, afirmo que a antecipação, seja ela qual for, pode não ser a operação mais barata no tocante aos juros cobrados, mas é a que de longe menos pesa no bolso de uma pessoa endividada.

      Raciocina comigo: temos duas pessoas que, no mês zero, realizaram um empréstimo. Uma delas efetuou antecipação para paga as dívidas mais caras/urgentes ao mesmo tempo em que começou a reorganizar o seu orçamento, como forma de encontrar maneiras de aumentar o seu poder de compra e, em última análise, quitar o empréstimo antes do seu vencimento. A outra fez a mesma coisa, mas optou pela opção mais 'barata', um consignado que comprometeu 10% da sua renda mensal líquida.

      A diferença entre ambas não está no juro menor, mas no fato de que daqui 1 ou 2 meses a pessoa do segundo exemplo terá de ser superavitária usando 90% da sua renda líquida, enquanto a pessoa do primeiro exemplo terá menos dificuldades para enquadrar suas despesas remanescentes com os 100% da renda líquida disponíveis. Simples assim.

      Com relação ao crédito imobiliário, posso te afirmar que existe outro problema grave no produto oferecido pela CAIXA: o excesso de burocracia. Mesmo quando o empréstimo oferecido por ela leva vantagem, você sofre um verdadeiro calvário para ter aprovado o seu financiamento (isso quando eles não reprovam a operação após meses de enrolação e comprometem todo o negócio).

      De resto, obrigado por compartilhar sua opinião. Forte abraço!

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